O boletim Observa Infância da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Centro Universitário Arthur de Sá Earp Neto (Unifase), da Faculdade de Medicina de Petrópolis, divulgado na última semana, mostra que foi reduzido o número de crianças com até 5 anos tomaram pelo menos duas doses da vacina contra a covid-19. Dados do Ministério da Saúde, usados para análise da pesquisa, indicam que apenas 11,4% das crianças com idade entre 6 meses e 5 anos, foram imunizadas com duas doses da vacina.
Segundo o coordenador do Observatório, Cristiano Boccolini, os números são preocupantes e revelam cobertura vacinal de apenas 2,9% entre bebês de 6 meses a 2 anos. Boccolini disse que vários fatores contribuíram para os baixos índices de vacinação: a demora para a compra de vacinas, informações falsas de que as crianças não sofrem com a forma grave de covid-19, ou que há falta de segurança e eficácia da vacina, são alguns desses fatores.
Conforme dados epidemiológicos recentes sobre a covid-19, o Brasil registrou, entre 1º de janeiro e 11 de julho de 2023, 80 mortes de crianças de até 4 anos. Desse total, 23 foram de crianças entre 1 e 4 anos, o que representa média de aproximadamente 1 óbito semanal nesse grupo etário. No mesmo intervalo, houve 2.764 hospitalizações em razão da doença, das quais 994 envolveram crianças de 1 a 4 anos. “Isso significa média semanal de 38 hospitalizações para essa faixa etária”, informaram os pesquisadores.
Como forma de ampliar a vacinação nessa faixa etária, os coordenadores do Observa Infância defendem a realização de campanhas direcionadas para a faixa etária de até 5 anos. A finalidade é ampliar o acesso à informação qualificada e facilitar a compreensão sobre dados obtidos junto a sistemas de informação nacionais.
Dourados
Essa realidade não é diferente em Dourados. Segundo dados do Vacinômetro Covid-19 do Ministério da Saúde, foram aplicadas pouco mais de 1.500 doses da Pfizer Baby, indicada para crianças de 6 meses até 3 anos. Já a Coronavac, para crianças de 3 e 4 anos, foram aplicadas 1.760 doses.
De acordo com a pesquisadora do Unifase, Patrícia Boccolini, esses números estão muito abaixo do esperado, já que essas vacinas estão disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde) e sugere que as unidades de saúde aproveitem quando as crianças aparecem para o esquema vacinal regular e apliquem também o imunizante contra a covid-19. Patrícia propõe ainda a ampliação dos horários dos postos de saúde e a instalação de pontos de vacinação móveis.
Essas ações, inclusive, são aplicadas em Dourados pelo Núcleo de Imunização da Sems (Secretaria Municipal de Saúde), segundo o gerente do órgão, Edvan Marcelo Marques. “Nós procuramos, desde a fase mais aguda da pandemia da Covid-19, aumentar as oportunidades das pessoas se vacinarem e, principalmente, levar suas crianças. Essa semana mesmo estamos com as Unidades Básicas de Saúde abertas sem pausas para o horário de almoço. Nesta sexta, teremos um ponto de vacinação móvel no Corpo de Bombeiros e, no sábado, a Sala de Vacinação do PAM atenderá entre 8h e 17h”, explica.
Com informações da Agência Brasil