A prefeita de Dourados, Délia Razuk recebeu na manhã desta quinta-feira (6) uma comitiva representando o Hospital Porta da Esperança, mantido pela Missão Evangélica Caiuá, para tratar de assuntos referentes aos repasses do município para a entidade filantrópica, que sofre com crise financeira.
O diretor, reverendo Benjamin Benedito Bernardes, o superintendente Demétrio do Lago e lideranças das aldeias Bororó e Jaguapiru, além de Wilson Matos, titular da Ceaid (Coordenadoria Especial de Assuntos Indígenas de Dourados), foram recebidos pela prefeita e pelo secretário-adjunto de Saúde, Carlos Augusto Ferreira.
Enfrentando problemas financeiros, a unidade hospitalar que atende a comunidade indígena há mais de 60 anos, assinalou, através de assembleia, com o possível fechamento da unidade, e a comitiva buscou junto à Prefeitura de Dourados, amparo para que isto não aconteça.
A prefeita Délia Razuk destacou que, por ter repasses também do Estado e da União, a responsabilidade por ‘salvar’ a unidade não pode e nem deve ser exclusiva da administração municipal. No entanto, segundo a prefeita, o que puder ser feito para cumprir com os compromissos já firmados, além de melhorar o atendimento de modo a influenciar a produtividade do hospital, será analisado.
“Precisamos que o hospital volte a ter vida. Dentro da atuação possível do município faremos o que for necessário, com a revisão destes repasses, com o amparo de pessoal, de estrutura. Tudo isto será estudado com foco em ajudar”, determinou. Além disso, a prefeita sugeriu à comissão que busque também com o Governo do Estado soluções para sair da crise. “Estamos abertos para conversar, mas há responsabilidades diversas que precisam ser cumpridas e eu só posso falar pela Prefeitura”, disse a prefeita.
O superintendente do hospital, Demétrio do Lago, explicou que as dificuldades financeiras vividas são fruto de um círculo vicioso que se arrasta por anos, agravado com certa queda de produtividade nos atendimentos e a não atualização de repasses. “Hoje temos incentivos do município, União (maior parte) e Estado, e a entidade precisa de reajuste de repasses para manter a unidade”, disse, destacando a utilidade pública da entidade filantrópica e a situação crítica existente para a manutenção do hospital. “Alguns cortes de repasse têm sido feitos por conta do não cumprimento de metas de atendimento, mas estas metas sofrem prejuízo por vários fatores”, continuou Demétrio.
A prefeita lembrou as dificuldades financeiras vividas pela administração e destacou que não pode fazer compromissos sem parecer jurídico da procuradoria. “A ideia central, no entanto, é fazer tudo dentro do possível para que o hospital retome atividades e possa atender a comunidade indígena. Tenho um carinho muito especial com a Missão e sei da luta e trabalho de vocês”, disse a prefeita.
O reverendo Benjamin Bernardes agradeceu a prefeita pela solicitude em atendê-los para conversar sobre o assunto. “Há quatro anos tentamos conversar com a administração. Quero agradecer o espaço dado a nossa equipe”, disse.
Délia Razuk pontuou ainda as ações que a Prefeitura de Dourados desempenha nas aldeias, como a recuperação de estradas, a implantação de projetos de resgate cultural e de educação, a busca pela dignidade da vida humana, com ações de saúde e meio ambiente, e ainda o resgate da cultura, da produção agrícola e da identidade indígena. “Estamos na Reserva porque entendo que todos somos Dourados. O que pudermos fazer será feito e quem quiser ajudar é bem vindo”, disse.
CAPS AD
Como os problemas com álcool e outras drogas assolam a comunidade indígena em Dourados, Demétrio informou a prefeita Délia sobre um projeto que a Missão Caiuá elaborou para a implantação de uma unidade do Centro de Atenção Psicossocial Antidrogas (CAPS-AD) na Reserva Indígena.
Ele destacou o fato de a maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul possuir a maior comunidade indígena em números absolutos no Brasil, sendo população maior que a de 34 municípios de MS.
A prefeita Délia fez uma ligação ao deputado federal Luiz Henrique Mandetta e manteve uma espécie de conferência com o parlamentar. De Brasília, ele garantiu que buscará, dentro de um levantamento técnico da possibilidade de instalação do CAPS na aldeia, recursos para a implantação. “Vou a Dourados e quero fazer uma visita à comunidade indígena para buscarmos esta melhoria”, disse o deputado.