Moradores de, pelo menos, 34 cidades dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul encontram em Dourados o suporte necessário para resolver as demandas locais que possuem quando o assunto é cuidar da saúde. Esse amparo é possível porque profissionais e auxiliares que escolheram essa atividade respondem, mensalmente, em média, pelos mais de 2.300 atendimentos ambulatoriais e em torno de 530 internações no Hospital da Vida, e nos 40 mil procedimentos realizados pela UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em um único mês [dezembro de 2017, número que atingiu 51 mil atendimentos no mês anterior], refletindo a responsabilidade assumida.
Porta de entrada da Atenção Básica, modalidade preferencial para socorro imediato através do SUS (Sistema Único de Saúde), essas duas unidades consomem um esforço concentrado, encabeçado pela prefeita Délia Razuk, com os gestores municipais da região, que se traduzem em referência estadual de atendimento. “Reflexo disso é que temos o apoio de todos os municípios quando cobramos do Estado a repactuação dos serviços, congelada desde 2012”, observa o secretário municipal de Saúde, Renato Vidigal.
A Fundação de Saúde do Município, responsável pelo custeio do Hospital da Vida e da UPA, recebia, até dezembro de 2016, a título de Regionalização, um aporte mensal da ordem de R$ 567 mil, para cobrir parte dos custos com o atendimento que Dourados oferece aos pacientes do entorno regional. Desde janeiro do ano passado esse repasse foi suspenso, mas nem por isso os serviços deixaram de ser realizados. “Somos referência na Alta Complexidade, com resultados acima da média na ortopedia e da neurocirurgia, por exemplo, no Hospital da Vida e na pediatria da UPA, que hoje concentra a maior parte dos atendimentos da cidade, mas, é preciso rever o modelo de custeio”, alerta o secretário. A Fundação precisaria de um incremento na receita estimado em R$ 1 milhão/mês para equilibrar a situação.
Conforme levantamento realizado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que resultou no trabalho “Saúde Amanhã – Prospecção Estratégica do Sistema de Saúde Brasileiro”, a soma dos gastos públicos nos níveis federal, estadual e municipal chega a 3,6% do PIB, o que é incompatível com um sistema universal como o SUS. “Além disso, não há no mundo nenhum sistema universal cujo financiamento público esteja abaixo de 70% do gasto em saúde. No Brasil, entretanto, a participação pública no gasto em saúde situa-se em torno de 45%, tendo também uma reduzida participação no gasto total do governo frente aos países da OCDE (a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico)”, aponta o documento.
TRABALHO RECONHECIDO
A taxa de ocupação dos 112 leitos existentes no Hospital da Vida chega a 110% [“daí a necessidade de macas no corredor”, justifica o gerente da unidade, enfermeiro Valdecir Santana] e a rotatividade no pronto-socorro, por exemplo, é de 18 até 24 pacientes por dia nos seis leitos disponíveis. 36% do público acolhido na unidade são provenientes dos municípios vizinhos, beneficiados com as 180 vagas zero exigidas pela pactuação atual, que é quando o paciente é acometido de uma gravidade e a cidade de origem não possui a estrutura necessária para o atendimento.
Na administração atual, inclusive, o Hospital da Vida oferece atendimento de Serviço Social diariamente, além de dispor de equipes qualificadas na enfermaria, fisioterapia, nutrição e psicologia. Programa de segurança do paciente e uma comissão de curativos atendem, ainda, às recomendações do Ministério da Saúde. “Nossos números diários já fazem parte da estatística do Ministério, e foram reconhecidos publicamente pelo ministro Ricardo Barros quando visitou o Estado no ano passado”, recorda o secretário Vidigal.
O diretor técnico da UPA, Everton Basílio Pacco Mendes, cita um dado que mostra o diferencial da Unidade de Dourados. Classificada como Porte 3, de janeiro a dezembro do ano passado a UPA realizou mais de 60 mil exames laboratoriais; até agosto deste ano foram mais de 13.300 avaliações por raios-x. Projetada para cumprir a meta de 5.000 mil atendimentos/mês, ofereceu 51 mil procedimentos em novembro do ano passado e 40 mil em dezembro e, neste ano, mantém a média de 5.200 a 6.500 em procedimentos laboratoriais.
“Estamos aqui para dar suporte às unidades da Atenção Especializada, em parceria com o Hospital da Vida, o HU (Hospital Universitário) e o hospital da SIAS, de Fátima do Sul, com serviços de urgência e emergência e urgência cirúrgica, regulados pela classificação de risco, além de atendimento porta de entrada na psiquiatria”, relatou Everton, que comanda uma equipe formada ainda pela gerente Alessandra Leite, o coordenador administrativo Adriano Cândido e a coordenadora de Assistência à Saúde, Elaine Amaro.
A UPA implantou, nesta administração, o serviço de Odontologia noturno, que atende de segunda a sexta-feira das 18 horas até à meia-noite e aos sábados e domingos das 6 às 18 horas. No primeiro ano foram oferecidos 6.145 atendimentos e, em 2018, até agora, já são 1.600 pacientes beneficiados com o serviço diferenciado.