O cuidado com as pessoas nos momentos em que estas passam por uma enfermidade exige sensibilidade e dedicação. Equipe de mulheres que atua na área da saúde em Dourados fala da atenção aos pacientes e seus familiares na rotina diária do Hospital da Vida de Dourados.
As experiências destas profissionais em uma sociedade onde a mulher sofre pressão social para que se destaque no mercado de trabalho e, no contraponto a sociedade ainda espera que a mulher também se sobressaia nas funções de construir um matrimônio, cuidar de filhos e afazeres domésticos, também serão compartilhadas nesta matéria especial, na data que marca o Dia Internacional da Mulher.
“A força para a felicidade, muitas vezes, está em se determinar um objetivo de vida”. A afirmação é de Jailza Castro de Andrade, técnica de enfermagem, 48 anos. Ela que sofreu um trauma emocional grande há alguns anos conta que superou a situação diante da vontade de se tornar independente financeiramente e de cuidar das pessoas.
A jornada intensa de trabalho é conciliada pela técnica com a faculdade de Gestão de RH. Ao apontar que demorou um pouco mais que o normal para se dedicar aos estudos ela também diz que agora não pretende parar tão cedo, já que entre suas próximas metas está fazer pós-graduação na área de Gestão Hospitalar.
“A mulher por ser emotiva precisa de muita força interior para superar algumas barreiras no decorrer da vida, mas não pode se deixar intimidar. Cada dia é um novo desafio. Se temos sonhos e pessoas que amamos já são motivos para nos fortalecermos e lutar com vontade e energia”, enfatiza.
O sorriso e a afirmativa “eu sou uma mulher guerreira” são particularidades de Zilma Rodrigues Nunes, 52, copeira no Hospital da Vida há dois anos. Mãe de três rapazes, ela conta que se separou do marido há 19 anos e se vê agradecida com o os filhos de 30, 28 e 24 anos, “sempre muito trabalhadores”.
Depois de vários anos atuando nas funções de auxiliar de cozinha e copeira, Zilma decidiu prestar concurso. “Vi que poderia me consolidar no trabalho e ter uma melhor renda”, conta.
O resultado da aprovação veio junto com a preocupação de não ter concluído o ensino fundamental, escolaridade exigida na seleção de copeira. A dificuldade não a barrou. “Corri atrás e concluí em cerca de dois meses”.
Zilma diz que para muitos sua profissão pode passar despercebida, mas contribui grandemente com o “todo” em uma unidade hospitalar. “Tenho muito cuidado ao preparar a dieta dos pacientes. Um erro meu pode significar grande prejuízo à saúde das pessoas. Muitos podem não perceber esse trabalho, mas para mim é motivo de orgulho e satisfação”, comenta.
Selma Tavares de Almeida, 46, serviços gerais, está em Dourados há cinco anos. Mãe de três filhos, Selma conta que se dividir entre a casa e o trabalho “é uma tarefa que só mulher consegue, com muita energia e dedicação”.
Selma opina que a mulher ainda é muito explorada em várias áreas de trabalho e nem sempre tem o reconhecimento devido, “mas acredito que essa situação tem evoluído”. Voltar a estudar, cursar faculdade, é meta pessoal, revela.
Sobre a função que exerce, ela descreve que precisa ser ágil e ter todo o cuidado quanto aos objetos necessários para evitar contágio por doenças (luvas, botas, óculos, etc.). Ela ainda ressalta que a maioria da equipe do Hospital da Vida é formada por mulheres, que “sempre trabalham com amor e preocupadas com o atendimento de forma geral”.
Preconceito foi algo que a telefonista Sandra Conceição Monteiro, 43, conheceu de perto quando, aos 28 anos, com família constituída, optou por seguir o sonho da graduação em Letras. Sandra concluiu também a graduação em Pedagogia e agora foca no Mestrado na área de Educação. “Tenho sonho de ser professora universitária e estou correndo atrás disso”, conta.
No Hospital da Vida, Sandra atua há pouco mais de três anos, após assumir a função via concurso. Ela diz que é feliz na função e cita que se dedicar além do estabelecido é a chave para satisfação pessoal e profissional.
“Quando assumimos um cargo para trabalhar com pessoas temos que saber que muitas vezes vamos ter que ter pró-atividade e ser sensível com elas, em especial na área da saúde em que muitos, às vezes, estão abalados com situação de doença ou morte”, comenta.
Questionada sobre igualdade de gênero no mercado de trabalho, Sandra diz que ainda é necessário muito a se alcançar no Brasil, mas que acredita que as diferenças vêm sendo superadas. “Acredito muito na força da mulher para romper essas barreiras”.