Felisbino Jesus Marques é o primeiro índio a implantar um pesqueiro dentro da Reserva Indígena de Dourados. E tudo começou após participar de um curso sobre piscicultura realizado por parceria entre a Prefeitura, através da Ceaid (Coordenadoria Especial de Assuntos Indígenas de Dourados), Sindicato Rural de Dourados e Senar/MS.
No curso, com duração de três dias, Felisbino e mais 14 pessoas aprenderam técnicas de criação, manejo e gestão da atividade. Foi o que ele precisava para recuperar os açudes que já tinha na propriedade e iniciar a criação. Hoje, um ano depois do curso Felisbino já tem peixes prontos para o abate, que vende no sistema pesque e pague.
“Foi muito importante esse curso; ensinou muita coisa que a gente não sabia”, afirma. Felisbino agora aguarda ansioso o curso sobre fabricação de ração caseira para baratear o custo de produção. Este curso também será aplicado na parceria Prefeitura/Sindicato/Senar. “A gente esperar continuar recebendo apoio e incentivo”, diz.
De acordo com Leomar Mariano da Silva, diretor da Ceaid, são pelo menos 15 açudes já existentes nas aldeias Jaguapiru e Bororo que podem ser reestruturados para a produção de peixes, melhorando a vida das famílias. “A gente está discutindo com o prefeito Murilo para encontrar uma maneira de ajudar na reestruturação dos tanques, já que a maioria dos donos não tem condições”, afirma. Ele diz ainda que há potencial na Reserva para a construção de mais açudes.
Assim como Felisbino, mais gente poderá produzir peixes para a venda comercial ou em pesque pague. No caso de Felisbino ele oferece até a opção de limpeza do peixe e preparo para o pescador consumir no local. Qualquer pessoa pode entrar livremente na aldeia durante o dia para pescar pacu e tambaqui no pesqueiro de Felisbino, que fica a 2,5 km dentro da Aldeia Jaguapiru (sentido Missão Caiuá) a partir da rotatória principal na MS-156.
Segundo Leomar, a mesma parceria foi responsável pela aplicação na Reserva do curso de ‘controle de formigas cortadeiras’, com participação de 15 pessoas, e do curso de ‘inclusão digital rural’, quando 20 jovens com idades entre 15 e 18 anos, participaram.
O prefeito Murilo acredita na qualificação de pessoas como forma de melhorar a economia do município, gerando renda e emprego. Com o programa Qualifica Dourados/Pronatec milhares de pessoas puderam participar de cursos em várias áreas. Muitos estão empregados e outros resolveram montar seu próprio negocio, aproveitando a economia aquecida no município.
A qualificação atinge todas as áreas, comércio, serviços e indústria. Através da qualificação, muitos índios hoje trabalham – principalmente na construção civil – e tem uma ótima renda. Na parceria com o Sindicato Rural/Senar a Prefeitura também qualifica para a produção no campo, de forma que os índios possam se modernizar e viver melhor em suas terras.