“Hoje eu tenho qualidade de vida, tenho meus problemas como todo mundo tem, mas eu consigo enfrentá-los livre dos vícios”. O testemunho é de Vilamilson Apolônio da Silva, 54, paciente do Caps AD (Centro de Atendimento Psicossocial – Álcool e Drogas) e foi dado na ação do “Dia Nacional de Luta Antimanicomial” desenvolvida pela Prefeitura de Dourados, por meio da Secretaria de Saúde, na manhã desta sexta-feira (18) no Parque dos Ipês.
O atual trabalho desenvolvido em Dourados, sob direcionamento da gestão Délia Razuk, pelo Caps AD (Centro de Atendimento Psicossocial – Alcool e Drogas), Caps II e residência terapêutica, foi exposto à sociedade em um momento também de integração e entretenimento para os pacientes. Conforme o secretário de Saúde Renato Vidigal somam 600 os atendidos no município nos diversos eixos de atuação da rede.
Em meio a dinâmicas, palestras e exposições, o tema destacado foi a conscientização sobre o correto tratamento do paciente da saúde mental e a importância da sua integração social.
“Essa luta contra os manicômios, modelo de tratamento psiquiátrico que era baseado em internações, começou em 1987 no país; atualmente o que se busca é adotar práticas integrativas, uma mudança total, no meio como o paciente psiquiátrico é tratado. Esse paciente não deve receber nenhum tipo de exclusão, nem cultural, nem social. E hoje fizemos esse evento diferenciado para marcar a conscientização de que temos que integrar esses pacientes à nossa sociedade de uma forma saudável”, disse Renato Vidigal.
Dezenas de pacientes participaram da ação e relataram os avanços obtidos com o atendimento humanizado e qualificado que o município oferece. Entre eles, o Vilamilson citado no início desta reportagem. Ele contou que conheceu as ações existentes para seu problema com vícios por meio de uma amiga que trabalhava no Conselho Tutelar e o informou sobre o trabalho do Caps. Após isso, ele buscou o apoio; há três anos está livre dos vícios e continua sendo acompanhado pela rede de saúde municipal.
“Eu tinha surtos psicóticos, não tinha controle nenhum sobre a minha vida. Cheguei lá (Caps AD) e fui muito bem atendido pelos profissionais. Foram três anos de um processo que me fez chegar aonde estou hoje, lúcido, consciente e sempre firme para não titubear, não ter recaídas, e fazer projetos e voltar a sonhar. Quando sinto que preciso de apoio, busco ajuda com os psicólogos da rede e continuo firme dia após a dia”, conta.
Atualmente sem medo de falar sobre o que passou, Vilamilson diz como foi o problema que enfrentou e convida a quem passa por situações parecidas a buscar o apoio. “É possível”, garante.
“Meu problema era múltiplas drogas; comecei na adolescência, com maconha, depois comecei a injetar cocaína e assim foi indo. Quando cheguei no crack, aí já não conseguia viver para mais nada, só para as drogas. Meu acompanhamento inicial foi intensivo, senão eu não conseguiria me tratar sozinho; atualmente é semanal. Buscar ajuda não é feio, não é fraqueza, é preciso apoio psicológico, e funciona, todos são muito humanos e preparados; eu sou a prova de que tem saída”, conta, emocionado.
A atividade na manhã desta sexta, no Parque dos Ipês, envolveu exposição de arte desenvolvida pelos pacientes, aula de zumba, roda de conversa, roda de música, bingo, entre outras, e contou ainda com o apoio do Nasf (Núcleo de Atenção à Saúde da Família) e da Unigran com a abordagem do tema: Políticas Públicas e Saúde Mental.