Apenas ao caminhar por espaços públicos de Dourados como parques e praças já é possível ver a diferença. A quantidade de pessoas que tornaram a rua um local para moradia ou sobrevivência é consideravelmente menor do que há alguns anos. Esta nova realidade é fruto de um trabalho incansável e constante da prefeitura, através de um atendimento psicossocial para reinserção dessas pessoas na família e trabalho, resgate da dignidade e esperança de uma vida melhor.
Ao contrário do que muitos pensam os fatores que levam uma pessoa a morar na rua, na grande maioria das vezes, não estão associados à questão financeira. A condição é mais comum entre usuários de álcool e drogas, pessoas que passaram por alguma desilusão amorosa, desavença familiar, perda de algum entre querido, por exemplo, entre outros motivos.
“A pessoa que vai para a rua vive numa situação de desesperança. Diante disso, é através de um trabalho psicossocial bem estruturado que conseguimos fazer essas pessoas repensarem suas condições, mostramos que a rua não é o ideal e que é possível ter uma qualidade de vida. Dessa forma, vamos resgatando a dignidade delas”, explica a secretária de Assistência Social, Ledi Ferla. Com o trabalho realizado, as equipes já conseguiram a reinserção ao trabalho e à família de pessoas que há mais de 10 anos moravam nas ruas de Dourados.
Além de douradenses que pelos mais diversos motivos foram morar nas ruas, o município ainda atende os migrantes. Entre estes existem dois perfis mais comuns: aqueles que tornaram as viagens um modo de vida e passam de cidade em cidade carregando pouca bagagem; e também os que chegam a Dourados sem nada, em busca de oportunidade de emprego e renda que não encontraram em outros municípios.
Entre outros serviços das mais diversas áreas que dão suporte ao atendimento e encaminhamento dessas pessoas e assistência às famílias, dois são os que lidam diretamente com os moradores de rua. São estes o Centro POP (Centro de Referencia Especializado para População em Situação de Rua) e a Casa da Acolhida, recentemente reestruturados pelo prefeito Murilo para melhorar o atendimento.
O Centro POP tem como finalidade assegurar acompanhamento especializado, desenvolvendo sociabilidade, resgate, fortalecimento ou construção de novos vínculos interpessoais e familiares, com o objetivo de construir novos projetos e trajetória de vida, que viabilizem o processo gradativo de saída da situação de rua. “O nosso trabalho é em articulação com a rede socioassistencial, das demais políticas públicas e órgãos de defesa de direitos, de modo a contribuir com a inserção social, acesso a direitos e proteção social”, explica Amarilda de Jesus Alves Amorim, coordenadora.
Inaugurado pelo prefeito Murilo em maio do ano passado, o Centro POP se consolida como um importante instrumento nesta área. Desde então, centenas de pessoas passaram pelo local. A grade maioria homens.
Todo morador de rua de Dourados passa pelo Centro POP, seja através de encaminhamento por outros serviços ou denúncias de populares. No local, é feita uma triagem para detectar o perfil da pessoa e esta é acompanhada em todas as etapas para que seja garantida a retomada da dignidade. “Nem sempre é fácil. De alguns temos uma boa aceitação, de outros a resistência em sair da situação de rua é grande. O trabalho é incansável, mas os resultados têm sido muito positivos”, relata Amarilda.
Quando necessário, o morador é encaminhado para serviços de saúde, seja para sair das drogas, tratamento para transtornos mentais, entre outros; é ainda dado apoio para que seja resgatada toda a documentação da pessoa e feito o encaminhamento para a conquista de benefícios sociais e reinserção mercado de trabalho.
Um dos destinos para o qual é feito o encaminhamento e que também é bem estruturado, é a Casa da Acolhida. Neste espaço é feito o acolhimento de moradores de rua e migrantes. Em nova sede desde junho do ano passado, a Casa passou de um prédio alugado para próprio, com espaço ampliado e adequado para comportar o serviço com conforto.
As vagas são preenchidas por homens e mulheres que ficam em quartos e usam banheiros separados. O local oferece dormitório, quatro refeições diárias e apoio com o trabalho psicossocial. O espaço novo ainda é melhor equipado, com lavanderia e cozinha industrial. Os acolhidos ainda mantém uma horta que produz toda a verdura que é consumida no local.
Para se ter uma ideia do tamanho do atendimento, passaram pelo local 622 usuários entre junho do ano passado e março deste ano, sem contar os seis moradores que estão fixos na casa por tempo indeterminado. Além disso, foram oferecidas 13 mil refeições neste período.
“O objetivo é a reinserção. Aqui é dado todo o apoio e estrutura para que a pessoa saia da situação de rua, até que consiga uma casa para morar, um trabalho, resgatar a dignidade, voltar à família”, explica a assistente social Gislaine Reina Bergamo Godoy que lida diariamente com pessoas em situação de rua, durante o atendimento na Casa da Acolhida.
Ela lembra que um ponto muito positivo para Dourados hoje é que quando a pessoa decide sair dessa situação de rua e precisa de uma estrutura seja através de benefícios assistenciais, moradia ou emprego, ela encontra. As oportunidades de uma vida melhor são ofertadas.
“Há em Dourados hoje um campo enorme para trabalho. Quem procura consegue, recupera sua autonomia financeira e muitos fazem isso e conseguem voltar a ter uma vida normal”, relata Gislaine.
SERVIÇOS – O Centro POP funciona na rua Joaquim Alves Taveira, nº 2.606, bairro Vila Planalto. Qualquer pessoa que ver um morador de rua na cidade pode encaminhar para este serviço, indo até o local ou ligando no 3426-1301. Já a Casa da Acolhida fica na rua Jandaia, nº 1.765, no Jardim Vista Alegre.